terça-feira, 29 de maio de 2012


Tive um momento. A minha cabeça está frita de mais, de facto. Achava que a coisa podia passar em claro… elas não matam mas moem. Devia recompor-me. Pelo menos devia ter recomposto algumas faltas que dei ao organismo há umas semanas atrás, essa doeu especialmente.
Fora isso, não sei o que se passa. Só sinto isso, como causa de todos os males espirituais; é o meu pano de fundo em todos os assuntos: preciso de descansar, reorganizar, para voltar mais calma. Isso inclui-te a ti e a tudo em geral… mas nunca sei parar. Devia tanto. Fechar os olhos e ter ainda mais calma. Fiquei um bocado surpreendida por ouvir dizer, da boca de várias pessoas que conheci há alguns meses atrás e que me têm acompanhado desde então, que sou uma pessoa sempre calma. Depois parei um momento, olhei em estilo barra cronológica como tenho reagido tanto a situações de drama como de felicidade, de forma extremamente calma. Ponderada. Não se inclui nesta dedução a premissa #homens. Bolas, estava a esforçar-me para não falar em homens desta vez; inevitável.
Vou descansar, mais uma noite, sobre os pensamentos extremistas em que patino antes de chegar ao limbo. Antes de adormecer o mundo é algo que não sei bem como caracterizar numa palavra, nem tanto numa expressão se quer; pensando bem, nem com um desenho, tridimensional e em movimento, conseguiria explicar o que significa para mim “o mundo” ou que baste, “a realidade”, antes de adormecer. É por isso que costumo descrever Pensamento Jurídico como isso mesmo, um objecto sem forma definida, tridimensional e em movimento no escuro/vazio. É que “o mundo” que imagino na minha mente antes de a deixar cair no sono tem exactamente o mesmo requisito que o Pensamento Jurído para que possa ser concretizado/finalizado: precisam da experiência. Do terreno, da situação em concreto que é única e singular e por isso jamais poderia ter sido prevista. Pode enquadrar-se em muitas categorias mais amplas mas ela nunca aconteceu antes e portanto, ninguém anteviu as consequências que dela podiam advir. No mundo que imagino antes de desligar o meu turbulento consciente, as coisas só existem “a metade”; as multiplicidades de planos ou ideias pecam por não serem experimentadas no terreno, de verdade, no mundo que há quando acordo e me esqueço do que teria visto umas horas antes.
Estou a divagar demais, vou-me perder. Como sempre.

segunda-feira, 21 de maio de 2012


Who's Gonna Save My Soul?

Gnars Barkley



Got some bad news this morning
Which in turn made my day
When there's someone spoke I listened
All a sudden has less and less to say
Oooo how could this be?
All this time I've lived vicariously


Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
How will my story ever be told now?
How will my story be told now?


Made me fell like somebody
Like somebody else
Although he was imitated often
Feel like I was being myself
Is it a shame that someone else's song
Was totally and completely depended on?


Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
I wonder if I'll live grow old now
Getting high 'cause i feel so alone now


And maybe it's a little selfish
All I have is the memory
Did I never stop to wonder
Was it possible you were hurting worse than me
Still my hunger turns to greed
'Cause what about what i need?


And oooh
Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
Oh, I know I'm out of control now
Tired enough to lay my own soul down

quinta-feira, 17 de maio de 2012


Enquanto almoçava com um amigo e ele me contava como eram as paisagens de Angola, de como o racismo era a realidade presente “nas casas, nas ruas, nas pontes…”, dizia-me ele também que acha que vai morrer sozinho porque nunca ninguém o irá aturar à mesa. Demora talvez hora e meia num simples prato de filetes com arroz, mas continuo a achar-me um caso mais grave por demorar uma vida a saber entender-me.
Voltei a chorar de saudades do amor da minha vida que mandei pela janela. Faz isto sentido? Não faz. Tenho um grande amigo, o Y, que costuma dizer que nós os dois juntos na cama a beber whisky daríamos um quadro, uma música, um poema e até uma escultura. É interessante o nível de sinceridade que atingimos juntos, não sei se pela facilidade com que nos rimos do facto de jamais virmos um dia a ser um casal, se pela beleza da nossa relação assentar nessa amizade com atracção e sem ciúme que agora, já mais crescidos do que no primeiro beijo, descobrimos que existe e que é sublime, de facto. Sinto-me calma depois de ter sexo com ele, parece que a nossa química significa estarmos sempre prometidos a alguém, e hipocrisias à parte, toda gente no mundo gosta desse feeling.
Voltei a dormir com o X e odeio-me por isso. Odeio-me por me ter apaixonado e não saber recusar pôr-me de joelhos à frente dele porque gosto de facto dele, dos seus olhos verdes e da sua voz marcada pela tequilla… gosto daquele quarto. Meu deus, como gosto do calor daquele quarto. Traçou-me a capa e disse-me que me queria feliz e não subordinada como sou com ele, que não me pode ver de longe que já me quer perto. Mas nenhuma dessas palavras me fez apagar a raiva que senti quando me vesti e acalmei a agitação do álcool no meu sangue. Não o quero ver mais, perfeição do demónio que me leva para a cama a seu belo prazer e mais grave, sabe disso…  nem quis acreditar que tinha voltado a cair na esparrela. Ou melhor, não quis acreditar que ele achasse que quem canta o cântico das sereias sou eu. Pediu-me que prometesse  que aquela era a ultima vez que estávamos juntos, pelo menos nus. Gritei com ele, bati-lhe e só não chorei por vergonha. Eu sinto-me enfeitiçada pelo seu discurso inteligente mas sou solteira, durmo com quem eu quero e lidar com as consequências morais disso só no âmbito do meu interior, não tenho ninguém em casa à minha espera a quem vou ter de mentir. Ele tem e por isso, que se amanhe e mais importante, que se afaste de mim pelo amor de deus.
Voltei a entrar em apatia. Verifiquei se seria sintoma pré-mestrual e ainda bem que o fiz, porque o era realmente. Fechei os olhos, acendi um cigarro enquanto desejava que fosse uma ganza e caí em mim por momentos. Breves instantes em que me deparei comigo mesma, aquela pessoa que a minha querida Inês me fala que vai ser a única que vai estar lá no fim de tudo. Eu sou isso, a mulher que se deita com um homem das ciências por adorar que nunca ponha fim aos seus argumentos humanísticos e que por isso, e por ele ser extremamente bonito também, afirma convictamente que se apaixonou e por isso não lhe pode dizer que não, só mais desta vez… também sou a mulher sensata que tem um amigo com quem dorme depois de ouvir a chorar a mágoa do seu relacionamento fracassado. Sou também a mulher que não gosta de homens, por gostar de todos. Cada um em sua valência, cada um na sua esfera e no raio que o seu âmbito lhe permite. Gosto do meu amigo que viveu em Angola até ao ano passado por me encaminhar numa conversa deliciosa. Gosto do L porque a textura da pele da parte de trás das orelhas dele é a coisa mais incrível que já senti com os meus dedos.  É delicada e ensinou-me uma forma de amor muito bonita, que acho que nunca vou saber alimentar, mas em todo caso… ela está aí. Gosto do Ç, que gosta de mim. Muito de facto, mesmo muito. Gosto de beber vinho e comer amêndoas com ele, de ouvir os seus preceitos de ensinamento chinês. Engraçado como dormimos juntos e bêbedos várias vezes na mesma cama e em como não houve sexo, nem necessidade disso parece-me. Gosto do G que é um puto com quem gosto de dar umas voltas porque a volta dele é realmente interessante, desafiadora; é aliciante ensiná-lo, explicar-lhe que se voltar a contar aos amigos que quase me fodeu, vai ter problemas sérios porque comigo as coisas não funcionam assim… no entanto, gostava que ele estivesse ali no sofá ao lado deste onde me sento, ia rir com certeza e teria a sua piada, como de costume.
De ti, gosto sem saber porquê. Aliás, todos os porquês me dizem para esquecer isso, que não vale a pena, que o que foi foi e não volta mais. Mas o teu cheiro persegue-me para onde quer que vá, e se o ignorar, o que ele faz é subir do meu nariz até ao meu cérebro, já que às explosões que faz acontecer no meu coração eu não ligo. Tenho saudades tuas, do nosso entendimento quase celestial. Apesar de nada na minha vida querer que tu estejas lá para ver, continuo a amar-te meu querido. Acho que o mais engraçado é mesmo saber que és do género de homens que não suporta mulheres como eu, as que dormem com o homem das ciências e ameaçam o puto para que ele não conte aos amigos. Eu sei que me amas também, amar-nos-emos para sempre e disso, também sei que sabes, assim como sabes esse género de mulher que sou. Perdoa-me mas não ignores que te perdoo todos os dias também, por tantas outras coisas que se assemelham e não à crueldade que cometi contigo.  Tu és mesmo daquelas doenças que não têm cura, e eu realmente já não sei o que fazer com o que sinto por ti. Por todos aqueles sei como me sinto, o que me fazem, porque acontece. Contigo… só quero que volte atrás e que naquela passagem de ano, eu cheirasse também uma linha de MD contigo. Compreender-te-ia, aglutinar-nos-íamos e mais que um texto, uma música ou um quadro, faríamos uma história feliz ao nosso jeito, que é nosso e de mais ninguém. 

Tenho de vir aqui apontar isto, para o caso de algum dia me esquecer.
O Deau perguntou-me o nome durante o concerto e até tive direito a um freestyle só para mim; lembro-me de corar várias vezes com as picardias que me ia lançando num tom sexy e intimista, mas não me lembro nem de um verso seguido. Ficava contente se encontrasse um vídeo desse momento perdido por aí. Se não estivesse tao bêbeda talvez tivesse filmado eu própria, mas fiquei boquiaberta e não deu.  

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"açucar 
tu para mim não és mais de açucar...
e eu queria tanto estar contigo,
podia até ser por baixo de ti.


 a minha vida vai ficando mais curta 
e o meu desejo está sempre a mudar 
é isso que eu sou 
se durmo só com uma ás vezes sonho com mais de mil 


ajudar eu posso te ajudar,
eis o meu plano:
tu fazes de conta e eu torço para que me enganes bem 
eu já notei nenhum de nós é aquilo que diz 
e o que temos em comum é que eu pretendo tanto quanto tu...
ser ainda mais feliz,
mãos no chão,
boca aqui,
pés na mão
e eu em ti
e tu em ti 
filma assim,
filma tu,
eu nu"


Manuel Cruz, "Acorda Mulher" 

Mimos*