sábado, 11 de dezembro de 2010

juízo final

“- Sente-se uma mulher especial?”

- Adoro que mo diga, confesso. Você ou qualquer pessoa que refira essas duas palavras, por essa ordem, numa frase. Não sei, é instinto de caridade, de sentimento. Não sou afectuosa mas sou emotiva. Muito. Ontem mencionaram que não sou de facto comum, mas sou normal. E talvez por isso me considerem uma mulher especial, porque consigo estabelecer pontes rápidas entre emoções, razão e palavras sintetizadas. Também me considero inteligente no campo abstracto, consigo resumir tudo a dois ou três traços mentais e orientar uma teoria inteira por aí, garantindo-me que não me perco porque os meus três pontos mentais interligados no abstracto me servirão de guia e não me deixarão fugir à minha tese central. Procuro ser coerente e já admiti que a idade ajuda nessas questões; nessas e em muitas que ainda não descobri. Porque realmente é só isso que me interessa, o agora. E isso serve-me para contra-argumentar até à morte o que acho que não está correcto. E eis a questão: (silêncio) descobri! Ainda não interiorizei que os anos têm muita coisa mais para me ensinar. E por isso ainda não deixei de ser egocêntrica ao ponto de desviar uma conversa inteira consigo para falar de mim. Porque é isso que eu sou, egocêntrica. Tudo isto associado às emoções claras e aos raciocínios rápidos no abstracto, é fácil que se converta num novo estado de alma que ainda não conhecia. Fantástico.

“- Desculpe? Não sei se a posso ajudar ou dizer-lhe que foi a conversa mais estranha que já tive com alguém.”

- Não preciso de ajuda, obrigada; preciso agradecer-lhe por com uma pergunta me ter feito desvendar algo que estava mal resolvido – estava assim como num purgatório. Também tenho a agradecer o facto de como culminar, referir que vou ficar na sua memória por ter sido a conversa mais estranha que teve. Já lhe disse que adoro sentir-me especial?

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Mimos*