Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!
Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando, esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.
Amor, tão chão de Amor, que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece e
logo recai na branda impotência.
Canseira eterna! Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe, mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor, que faremos nós de ti e tu de nós?
Irene Lisboa
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário