Ando a chegar a um existencialismo complicado. Comentei isso com um amigo a caminho de Espanha no domingo passado. Não sei bem o que me atormenta mas a isso já eu estou acostumada. Sei que tenho o dom de atormentar outras vidas que me circundam, e também sei que não meço bem a intensidade que isso traz consigo. Enquanto conversava com a talvez minha melhor amiga, ela ocupava-se do jogo perigoso que é o de me convencer das minhas capacidades mas por incrível que pareça, não foi muito frutífero. Entrei numa apatia para a qual não tenho solução; há aspectos na minha vida que gostava que estivessem noutro ponto da situação, ou que pelo menos, eu tivesse feito algo para que isso acontecesse.
Experimentei novas sensações. O sangue frio da cocaína trouxe-me à tona alguns medos, como o de ter medo. Todos os meus debates interiores, por muito variados que sejam, terminam invariavelmente na conclusão que só um meio-termo é resposta à boa forma de fazer as coisas. Essa minha amiga aconselhava-me a escrever crónicas para jornais, nem que fosse para ler o meu nome num jornal de renome. Pelo meio, ia-me contando a dor que a persegue em não conseguir descomprimir-se, aquela tendência para o autocontrolo que quase roça no doentio, e eu ia-a aconselhando de que uns bagaços a fariam olhar-se ao espelho e descobrir coisas sobre ela própria. Dou muito valor a experiencias que desencadeiem conclusões fortes e sem palavras que as expliquem, por isso mesmo atribuo tanta importância às minhas experiencias com drogas. Mas agora sinto necessária uma certa lavagem emocional e até factual, isto é, uma limpeza orgânica propriamente dita. Vou experimentar ficar afastada de certas drogas durante uns tempos. E o sexo é uma delas. Há uns tempos despi-me para um homem enquanto ele se masturbava e gritava que me queria “foder até não conseguir mais”. Adorei. Ia sorrindo enquanto me tocava também, mas isso quase soou secundário porque não consegui desviar o olhar daquele ar de prazer total que o pequeno bastardo expirava. Desde esse dia que percebi que se algum dia acontecer eu descobrir o que é mandar um risco de cocaína e foder (ser fodida vá) logo depois, me perco para sempre. Desisto do meu curso e dos meus ideais e vou deambular por aí como tanto ameaço. Com isto quero explicar que conheci o limite do EGO na sua luta contra o ID, e desde então não quero sucumbir ao prazer. É doentio também, como a Marina que sucumbe ao auto-controlo. Um dos extremos nunca será uma resposta saudável a nenhuma questão, nem mesmo naquele momento em que preferia que ele se tivesse vindo na minha boca do que se tivesse controlado quase abruptamente só para me “foder até não conseguir mais”.
Por falar em boas fodas, tenho sonhado com o Afonso. Mata-me isto de ter experimentado o medo de ser rejeitada, sobretudo depois de me teres dito que sou fria na cama. Não era nada disso que te queria dar, e não seria nada disso que eu queria dar ao Afonso também provavelmente. Como tal, é mesmo melhor ficar no meu canto do que ir contar-lhe que me apaixonei mesmo não sabendo agir como uma apaixonada. E isto sim é doentio, mas (com muita pena minha, sublinhe-se) não sei de facto ser romântica nesse conceito que as massas conhecem. Com ele poderia ser tão romântica como ele foi sem saber; o meu inconsciente provavelmente também faria com que o abraçasse enquanto dormia. É ridículo mas o arrepio que senti nesse momento em que acordo na cama de um desconhecido e quando penso em levantar-me antes que ele acorde, ele me puxa para si e enrola as mãos à volta do meu pescoço, há-de ficar presente na minha memória por muito tempo. Apaixonei-me naquele segundo, acredito muito nisso. Mas não, não vou abanar a vida dele porque sou uma otária que não sabe atribuir importância às coisas e se aborrece com mais rapidez do que se interessa. Vou continuar neste castelo frio e vazio que é a minha consciência e acho que, não é que seja intencional, só se vai quebrar quando o encontrar na rua e ouvir algo como “porque é que não me disseste mais nada, tenho pensado tanto em ti”. Como isso nunca vai acontecer, vou continuar a contentar-me com o prazer carnal de me ver alguém masturbar-se à minha frente e por minha causa.
2 comentários:
Gostava de te conhecer.
http://www.youtube.com/watch?v=cuiosHsyITs
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