sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

31-01-2023

Agora aos trinta sinto-me mais eu. Seria de prever, caminhei nesse sentido… mas não acho que a idade nos traga coisas novas, traz-nos “aperfeiçoar de skill” talvez, em relação a diversos comportamentos do nosso quotidiano mental. Lembro-me principalmente dos meus dezassete anos, foi um ano inacreditável de descoberta constante. As vezes tenho ataques de saudades incuráveis durante instantes, quando releio Nietzsch ou vejo os meus sobrinhos a saírem para o café em bando. Mas não deixei ser eu, nunca e jamais em situação algum e é esse o meu argumento-chave para me justificar o relembrar tantas vezes aquele ano, dado que foi o começo de tudo, o despertar, o descobrir o mundo. Já não oiço hip hop nem conseguiria tentar infiltrar isso no meu iphone50 porque ia repugnar aquela sensação de que já não concordo com algumas profecias do Sam the Man mas ao mesmo tempo ia culpar-me por me tornar num ser tão intelecto, mas que afinal já nem consegue ter o distanciamento necessário para observar a questão mesmo sem concordar com ela. Isso é desviar-me de tudo o que suscitou o desenvolver dos meus projectos a longo prazo, é negar o princípio óbvio de que seja qual for o nosso contexto, a nossa perspectiva tem de ter desde logo um espaço para saber compreender a perspectiva que nos está a ser apresentada. Porque é só outra, não é nem melhor nem pior, nem mais nem menos, nem anjo nem diabo. É outra, diferente da minha. Se agora sou uma mulher sucedida em 70% dos objectivos a que me propus, devo-o em parte a essa pequena explicação: todos os pormenores de um quadro são fulcrais na obra final, mas o público só vê o quadro todo, tal como eu devo fazer sempre e em qualquer ocasião: ver o quadro todo. Equacionar todas as possibilidades de acontecimento face aquela dada situação. Agora sou juíza, sim porque quando sonhei sê-lo as mulheres chamavam-se igualmente juiz, sem distinção; no entanto, porque é que para realizar um dos meus tão balados objectivos, deixei para trás uma teoria que me seria tão importante? Ver o panorama todo e não nos focarmos só na nossa visão das coisas parece simples para alguém que escolhe o rumo de pessoas todos os dias. Mas não é. A filosofia aplicada na vida resulta poucas vezes, normalmente só refere conclusões de suposições e na vida as coisas não se supõem muito, acontecem só e não me parece que alguém esteja disposto a mandar parar o universo só porque uns seres imperfeitos a quem se chamou Homem, criaram teorias sobre como deviam ser as coisas. Afinal, estou nos trinta com as dúvidas dos dezassete ou é só paranóia minha por querer viver outra vez aquele ano inacreditável?

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Mimos*