segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ligo a televisão para entreter a minha cabeça com histórias que não são minhas porque assim não dói. Se fosse eu ali sentada a contar o que me atormenta talvez fizesse doer alguém como as vezes me dói a mim de ler desespero nos olhos de qualquer pessoa que se cruza comigo na rua. Hoje era eu na rua a chorar e a rezar para que ninguém visse, ou então a suplicar para que alguém percebesse e me viesse dar um abraço. Preciso de um abraço mas não encontro nenhum contacto na minha lista interminável que me possa ajudar agora, não me sinto enquadrada no espaço que me rodeia nem com as pessoas que me são queridas. Hoje não tenho ninguém no meu coração e a culpa persegue-me por saber que isso é injusto, repudiante, condenável; por ter a certeza que há muita gente a sofrer por me ver sofrer a mim e eu não sentir que um abraço dessas pessoas me possa acalmar. Não quero ter de contar a história que me fez ficar assim, não quero argumentar para me defender nem explicar que por mais teses factuais que haja e por mais fundamentos que comprovam que estou assim porque quero, eu não preciso que mo digam. Não preciso que me digam nada, preciso de calma. Preciso de entender até onde o amor me pode consumir, até que ponto posso deixar que ele me domine… eu não sabia o que era amar alguém de facto, nunca tinha estado apaixonada, tanto que nem me preocupo em esconder o real motivo que me fez sentar aqui a escrever outra vez, calar o som à televisão que liguei cinco minutos antes e pensar outra vez que nunca sei o que quero. Querer tanto respostas só me conduz a mais perguntas e isso mergulha-me num desespero total que quero parar de ser psicóloga de mim própria e já não consigo. Quem me dera parar só de pensar e correr para ao pé de ti que és o centro de tudo e por isso, a única pessoa que me faria sentir melhor comigo. Não é ridículo? Saber que é ainda me destrói mais, pensar que sou mais uma mal-amada consome-me até às entranhas porque eu amo com tudo de bom que consigo, entendes-me? E já estou a falar para ti outra vez, porque adorava que me ouvisses e percebesses a minha dor, sem que eu tivesse de escolher as palavras certas para tal. Num segundo tenho a certeza que não posso fazer nada para que me voltes a amar como amaste tanto e tão bem, no outro sei que as pessoas são aquilo que nós fazemos delas e por isso eu hei-de conseguir extrair-te aquilo que quero. Mas eu não sou dona do mundo e adorava sê-lo, é mais uma das frustrações que me persegue para sempre e se reflecte agora quando grito contigo a implorar-te que me entendas e que me guardes debaixo do teu queixo. Tenho tantas saudades que fico cega, não me controlar irrita-me e tira-me de mim, reporta-me para aqueles momentos deploráveis em que choro à tua frente e deixo de ser quem sou na ânsia que me entendas e que me abraces para apaziguar o vazio enorme que tenho aqui. Não suporto ter de pensar em ir-me embora porque eu não sou isso, não sou uma desistente face às adversidades. As complicações trazem-me à flor da pele o amor inacreditável que te tenho e a fraca que sou por não saber ser inteligente contigo como julgo ser sempre em todas as situações.

Tenho vontade de me repetir como faço em cada conversa que temos porque nunca nenhuma palavra há-de saber encaixar tudo o que eu sinto agora aqui, sentada a chorar outra vez e a escrever-te; relembro o primeiro post deste poço de lamúrias que é o meu blog e parece que sinto o cheiro daquele segundo em que me apaixonei assim. Acho que queria ser fria contigo como sou com tudo mas não consigo de maneira nenhuma e por isso não sei ir-me só embora deste lugar e de ti, porque não suporto a ideia de não aproveitar o amor que me apareceu no caminho há exactamente um ano e que parece ser irrepetível de todo. Essa ideia assusta-me, atormenta-me, dá cabo de mim até ao mais ínfimo que tenho. Saber que não estás disposto a ouvir nada disto faz-me duvidar de tudo mas eu sei, eu tenho a certeza (e isso não se explica de facto) que me amaste tal e qual como eu. Por todos os motivos e mais alguns. Nunca ninguém há-de saber o que nós somos quando nos unimos metafórica e fisicamente porque parece um segredo dos deuses que ninguém pode revelar e por isso não há palavras para tal. Mas sinto-me exausta, neurótica, fraca e vencida. A rotina ganhou meu amor, já me sabes de cor e agora estou de facto a surpreender-te porque imagino que nunca tenhas sonhado que eu conseguiria ser assim… nem eu, nem eu meu amor. Já não tenho vontade de nada, tudo me é indiferente. Menos tu, inacreditavelmente, porque foste a merda da razão que me pôs neste estado deplorável e me fez desistir da correcção linguística que me é habitual para dar lugar a qualquer coisa sem nexo e com medo de sair à rua porque está desfeita. Como é que algo que nem tem forma definida está desfeita e pior, tem medo de dizer ao mundo que está arruínada?

O nosso amor não morreu mas a nossa relação talvez tenha ido embora para sempre. Quero sair daqui e comportar-me como todas as neuróticas mal amadas: escrever sobre o que lhe dói e chorar porque não deu certo. Choro ainda por não ter coragem de te dizer que já não há nada que apague isto e nunca mais vou voltar a sentir o amor genuíno e supostamente invencível que nós éramos de mão dada porque, confesso aqui, já me venci a mim própria. Salva-me por favor.

3 comentários:

Dália Viseu disse...

se me perguntasses o q te dizer agr eu n responderia nd pq só o tempo te vai dar respostas. Sê neurótica, grita, berra, sufoca-te em lágrimas, isso faz parte de nós!
tenho de te confessar q acabei de ler este post lavada em lágrimas e a soluçar q nem uma madalena mas estas histórias de amor smp tiveram este efeito em mim, e esta em especial por ser uma das q acompanhei debaixo do meu olho.
agr estás fraquinha, estás a ser corroida por dentro e dói tanto q só te apetece destruir td mas sabes o q isso significa? q gostas, q sentes tal cm eu. eu smp soube q tinhas este lado bem mais fodido q o outro.
imagina q te estou a dar um beijinho

João disse...

o amor é fodido. também sou do mais frio possível com todas as situações emocionais, mas com isto vou-me abaixo.
barafusta, escreve o que sentes. ajuda. não o que se quer e precisa, mas ajuda.
a pessoa que nos faz isto merece o que passamos? pensamos sempre que sim, embora não o mereça, senão não precisávamos de ficar assim.
nada se repete nem é substituído, mas o bom volta, mais tarde ou mais cedo. é bonito de se dizer, complicado de concretizar, mas há que pensar nisso. ou não pensar em nada.é o melhor que faço, distraio-me com o nada, sempre é alguma coisa.
agarrei-me demasiado, se calhar também te agarraste demasiado, mas não é o suposto? é. não quero saber, nem sou coerente...

estou longe, mas contigo*

db disse...

como tu andas,miúda..

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