Acho graça ao carinho que pões no caminho entre o sofá
(situado à frente da televisão onde jogaste FIFA09 durante hora e meia) e a
secretária onde me encontro, vidrada num site de merda qualquer, provavelmente
a ouvir uma banda de trip-hop que para mim é nova. Perguntas-me quem são esses
que estou a ouvir, sorris com metade da boca e a meio-gás confessas “às vezes
esqueço-me que tens 18 anos, mas sabe bem lembrar-me”. O teu meio sorriso é qualquer coisa que eu
penso ter até uma textura definida. Se conseguisse agarrá-lo levava-o comigo e
trancava-o numa caixa colorida, como a tua alma também é. Não te conheço bem. Não
te conheço, aliás. Sei como reages às minhas brincadeiras, presumo que estejas
de bem com a vida porque só essa conclusão é possível nas tuas histórias,
conheço o teu cheiro e sei quando pões perfume atrás das duas orelhas e não
apenas na direita como fazes habitualmente. Não queres casar comigo, nem te
vejo apaixonado como eu também, honestamente, não estou. Mas invejo-te, ao
mesmo tempo que adorava ter muito e bom sexo contigo. Invejo a tua aura, límpida,
cristalina e que contrasta com a tua pele mais morena que a minha; as tuas mãos
atraem-me seriamente, e não, não se deve à minha falta de sexo - não é tesão de
mijo, como lhe chamas – e por isso nos imagino várias vezes nus, ou só eu a
despir-me para ti, ou tu a agarrares as minhas ancas para me virares de costas
e me poderes lamber, como gostas.
Não tenho muito bem um nome para dar ao que sinto quando te
vejo entrar, ou até só quando sei que vais chegar dentro de momentos. Não consegui
resistir ao teu charme encantador naquela noite, de camisa, laço e bengala. E o
meio sorriso, sempre. Não é que não goste quando ris com aquela alma colorida
toda. Adoro. Aliás eu adoro é ver-te bem, sentir-te bem. Seguro, calmo e de bem
com tudo. Quero tudo isso para ti, e sem merdas, gostava de ser eu a dar-te
isso tudo de bom, estar ao teu lado e ser a tua companheira. Ensinar-te o cubo
mágico e ouvir-te falar (ainda mais) de Newcastle, dos teus amigos
Paquistaneses, Indianos, gays não assumidos ou viciados em má cocaína. Se viajássemos
juntos gostava que fossemos dar uma volta ao mundo inteiro porque vejo em ti o
melhor dos juízes. A ponderação com atitude não resignada mas também não
ansiosa. E por isso me mostrarias o Mundo, como se o conhecesses mas com a
humildade de quem tem noção que não sabe nada. Aprenderias culinária dos quatro
cantos do planeta, e eu provava da tua mão como fazemos agora quando cozinhas
aqueles pratos que eu nem sei pronunciar, quanto mais apreciar decentemente. Eu
conheceria a maior variedade de Wisky’s possível, e sei que também ias gostar
de estar lá a ver-me ficar quente e sorridente com o arrepio que o bom wisky me
provoca no fim da espinha. Fumaríamos erva de todos os sítios só para saber
onde há a mais espontânea, isto é, a menos cuidada mas mais saborosa. De erva gostamos
os dois, como de Acid-Jazz e de sexo em locais públicos.
É isso que sinto. Vontade de ver, conhecer e viver ao teu
lado. Muito por saber que és a personificação de tudo o que eu quis um dia ser,
calma e segura, mas em 50% apenas porque sim. Porque um dia chegaste ao spot
onde fumo erva e bebo wisky com o meu primo de quem nunca pensei vir a gostar,
e iluminaste qualquer coisa no meu espírito. Vamos lá viver esse meio amor; o
amor inteiro tem-me doído demais e eu amar amo o meu Adrien que não quero ao
meu lado porque ele me ama demais também. Também aprecio o teu meio sorriso,
assim como vamos gostar de comprar uma auto-caravana a meias. Até lá, e no
caminho, eu esqueço o teu fetiche por mulheres mais velhas e tu ignoras os meus
18 anos do papel. Só para sermos o que defendemos ser a vida: um mergulho de
cabeça num mar que nem se sabe se existe.
1 comentários:
muito bom!
Enviar um comentário